A PRÁTICA DOCENTE NO CURSO DE TÉCNICO EXPLOSIVISTA POLICIAL DA PMDF
Anderson Diniz Guimarães1
RESUMO
Este artigo apresenta um breve estudo sobre a docência desenvolvida pelos instrutores do Curso Técnico Explosivista Policial (CTEP). Esta formação é realizada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O objetivo geral é compreender como se dá a formação do instrutor do CTEP dentro do referido curso e a forma de transmitir o conteúdo aprendido logo após a sua formatura. Além disso, o presente trabalho visa, ao final, propor sugestões para a melhoria. Levando-se em consideração que as literaturas que foram utilizadas durante esse trabalho são direcionadas ao professor universitário, foi possível aplicá-las por analogia ao instrutor do CTEP. Assim, pode-se perceber que há um problema na formação desse profissional no que diz respeito à forma de ensinar e como ele irá atuar futuramente na retransmissão desse conhecimento. Importante salientar que tanto o professor universitário quanto o instrutor do CTEP apresentam características parecidas da forma como aprendem e transmitem o conteúdo aos seus alunos e são estas características que o tornam bastante semelhantes.
Palavras-chave: Docência. Instrutor. Explosivista. Educação superior.
TEACHING PRACTICES IN THE POLICE EXPLOSIVES TECHNICIAN COURSE IN PMDF
ABSTRACT
This paper presents a brief study on teaching developed by instructors of the Police Explosives Technician Course (CTEP). This training is performed by the Special Police Operations Battalion (BOPE) of the Federal District Military Police (PMDF). The overall objective is to understand how the training of the CTEP instructor takes place within that course and how to drive the content learned soon after graduation. In addition, the present work aims, in the end, to propose suggestions for improvement. Considering that the literature that was used during this work is directed to the university professor, it was possible to apply them by analogy to the CTEP instructor. Thus, it can be seen that there is a problem in the formation of this professional regarding how to teach and how he will act in the future to relay this knowledge. Important, both the university professor and the CTEP instructor have similar characteristics of the way they learn and transmit the content to their students and these characteristics that make them very similar.
Keywords: Teaching. Instructor. EOD. Superior education.
1 INTRODUÇÃO
Em muitos países, a crescente preocupação com os atentados terroristas trouxe uma nova configuração ao mundo atual. Após os atentados de 11 de setembro, ocorridos no ano de 2001 na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos, e que teve grande repercussão mundial, houve por parte das autoridades uma tentativa de prevenir a ocorrência desse tipo de crime, tanto com investimento em equipamentos quanto na formação do seu pessoal.
Apesar de não se encontrar inserido diretamente nesse contexto, o Brasil se viu obrigado a realizar investimentos nessa área, pois ocorrências envolvendo explosivos em propriedades públicas e privadas no país sofreram uma intensificação nos últimos anos.
Além disso, com a promoção de eventos internacionais em solo brasileiro, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, por exemplo, evidenciou-se a necessidade de reaparelhamento e capacitação técnica para o trato com todo o tipo de desdobramentos que poderão decorrer de acontecimentos dessa magnitude, inclusive na área antibomba.
Assim, do ponto de vista social, esta pesquisa teve como intuito a elaboração de uma análise ao profissional responsável por formar aquele que atuará diretamente nas ocorrências antibomba, tendo como consequência o aumento do nível técnico da prestação de serviço à população de uma maneira geral.
Sob a ótica acadêmica, o presente trabalho visa trazer à luz o instrutor militar, comparando com o docente universitário, que aqui se encontra representado pelo instrutor do Curso de Técnico Explosivista Policial (CTEP), e que, em alguns casos, realiza seu trabalho como repetidor de conceitos, teorias e práticas aprendidas ao longo de sua formação e carreira.
Para o pesquisador, este trabalho representou a continuação de um rompimento de paradigmas na instituição Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Foi de uma nova maneira de observar a docência inserida em um contexto científico, embasada no saber acadêmico, com o objetivo de aumentar cada vez mais o grau de excelência do CTEP.
2 O CURSO TÉCNICO EXPLOSIVISTA POLICIAL
O CTEP é oferecido pela PMDF e ministrado pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE) através do Esquadrão de Bombas. A inserção desse curso nos quadros escolares da PMDF tem como objetivo oferecer maior respaldo técnico ao profissional responsável no atendimento de ocorrência em situações que envolvam explosivos, além de capacitá-lo a multiplicar o conhecimento.
O primeiro curso foi realizado em 2009. Desde então, foram realizadas mais três edições do curso (2012, 2014 e 2016). A duração média do curso é de dois meses com carga horária de 412 h/a. Ao todo, foram formados ao longo de quase dez anos oitenta e oito técnicos explosivistas nessas quatro edições do curso.
Tal iniciativa colocou a PMDF como um dos centros de referência no Brasil para a formação de policiais explosivistas, tendo em vista que durante esses anos foram formados alunos dos seguintes estados brasileiros: Piauí, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Amazonas, Goiás, Alagoas, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraná, Rondônia, Sergipe, São Paulo, Pará e Tocantins. Houve ainda policiais de outros países que participaram do curso na qualidade de alunos, tais como: Argentina, Equador e Peru.
Além disso, algumas instituições brasileiras enviaram alunos para participação no curso ao longo das edições, tais como: Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) e Senado Federal.
Levando-se em consideração que esse mesmo aluno formado estará apto a ser instrutor no próximo curso e em outras atividades docentes desenvolvidas diariamente, a cada edição do curso houve uma preocupação em trazer uma melhor qualidade na formação desse policial. A especialização do efetivo em cursos de outros países, levou policiais pertencentes a PMDF a Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, Peru e Portugal.
Hoje, praticamente todo o efetivo possui formação nacional e internacional. Além disso, em 2016, um policial especializado em química dos explosivos, pertencente à Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal veio especialmente para ministrar uma disciplina específica nessa área no IV CTEP.
Assim, o presente trabalho acadêmico realizou uma comparação entre o docente universitário buscando entender como é o processo de transmissão do conhecimento dentro do curso através da prática da docência empregada pelos seus instrutores. Almejou ainda apresentar sugestões de como aperfeiçoar esta mesma dinâmica aplicando as técnicas voltadas para a docência do ensino superior no CTEP.
3 O DOCENTE UNIVERSITÁRIO X INSTRUTOR DO CTEP
A escolha do docente universitário como ponto de partida do referido trabalho se deu pelo fato de que se encontrou uma doutrina que poderia ser utilizada e aplicada analogicamente à função do instrutor do CTEP. Como diz Cunha (2004, p. 526), “diferentemente dos outros graus de ensino, esse professor se constituiu, historicamente, tendo como base a profissão paralela que exerce ou exercia no mundo do trabalho”.
Além das peculiaridades que existem nessa atividade, que de acordo com Cunha (2004, p. 527), “dos docentes universitários costuma-se esperar um conhecimento do campo científico da sua área, alicerçado nos rigores da ciência e um exercício profissional que legitime esse espaço do saber na prática”, também a grande responsabilidade que este indivíduo tem na formação de outros que atuarão em setores importantes da sociedade.
Não diferente a isso, o policial militar, ao transmitir os seus conhecimentos como instrutor, transfere um pouco da sua vivência e experiência, somada à gama de saberes aprendidos durante a sua formação de policial e técnico explosivista.
Como afirma Penin (2010, p. 21) “a formação obtida com o diploma universitário em qualquer profissão é apenas o início de um projeto profissional que deverá continuar por toda a vida produtiva do egresso”. Assim, a conclusão do CTEP dá a esse indivíduo a capacidade, e porque não, a responsabilidade de multiplicar esses conhecimentos entre seus pares e a sociedade de um modo bem abrangente.
Mas as perguntas que se têm em mente são: o curso foi e está sendo suficiente para preencher todas as lacunas do saber de modo que essa pessoa encontra-se realmente preparada didaticamente a transferir o conhecimento à outra pessoa; e, qual o tamanho da responsabilidade desse instrutor no caso de falha na transmissão do conteúdo aos seus alunos?
Estes são alguns dos motivos que se tomou o professor universitário, a sua formação e a prática, para se entender um pouco a formação do instrutor do CTEP. Bernardo (2006, p. 17) menciona que “os alunos, durante o percurso acadêmico na IES2, também se apropriam da experiência e do ser professor que conheceram e da importância de alguns professores em suas vidas, em especial, na motivação pela escolha profissional futura".
Esta experiência aprendida é repetida também no CTEP, pois os instrutores são suas primeiras referências na nova atividade que irão desempenhar dali por diante, seja exercendo a atividade diariamente ou praticando a docência. Tanto para este instrutor quanto para aquele docente, a formação inicial é apenas o seu ponto de partida de um processo que durará por toda a vida ou, pelo menos, enquanto ele se propuser a transmitir determinado conteúdo.
Esta formação constante se faz necessária, pois a forma de ensinar muda constantemente. O professor não deve ser mais aquele da educação tradicionalista que despejava o conhecimento sem se preocupar com o que realmente os seus alunos estavam aprendendo, apenas preparando-os para uma avaliação futura.
Os alunos, por sua vez, mudaram a sua maneira de se portar em sala. A velocidade com que experimentam o conhecimento é bem maior do que a décadas atrás, fato este cada vez mais impulsionado pela revolução tecnológica que invade as suas vidas diariamente. Não estamos falando mais da educação que a grande maioria recebeu na sua fase escolar mais distante onde um professor o preparava para as avaliações. Muitas vezes era como não se houvesse um porquê naquele estudo ou pelo menos não se conseguia enxergar.
Hoje a educação exige muito mais do professor, conforme afirmam Anastasiou e Alves (2003, p. 69), que “nisso, o professor deverá ser um verdadeiro estrategista, o que justifica a adoção do termo estratégia, no sentido de estudar, selecionar, organizar e propor as melhores ferramentas facilitadoras para que os estudantes se apropriem do conhecimento”.
Verifica-se que esta estratégia precisa estar presente na forma de abordar os diversos temas com o aluno. É um jogo e o professor precisa estar preparado para enfrentá-lo, pois a evolução da forma de ensinar o obriga a isso.
Esta forma de experimentar está diretamente ligada à busca por novas maneiras de ensinar. É o pensamento de Penim (2010, p. 21), ou seja, “que outra característica da atualidade, a rapidez com que novos conhecimentos são criados, provoca a necessidade de se rever continuamente o já sabido, reorganizando em novas bases todo o saber acumulado”.
Nisso, o professor não deve se contentar em repetir meramente aquilo que aprendeu quando ainda era aluno, transformando “uma coisa aqui outra ali” de modo a facilitar a sua abordagem na passagem do conteúdo. Não basta ter feito a graduação, trata-se de uma constante reciclagem daquilo que se aprendeu atualizando-se sempre, pois a dinâmica que envolve tanto uma instrução do curso do CTEP quanto uma atividade docente de ensino superior necessitam deste tipo de conscientização e de formação continuada.
ANASTASIOU e PIMENTA, 2002 apud BERNARDO, 20063 dizem, nesse aspecto, que:
Na maioria das instituições de ensino superior, incluindo as universidades, embora seus professores possuam experiência significativa e mesmo anos de estudos em suas áreas específicas, predomina o despreparo e até um desconhecimento científico do que seja o processo de ensino e de aprendizagem, pelo qual passam a ser responsáveis a partir do instante em que ingressam na sala de aula.
Desta afirmação decorrem vários aspectos que podem ser analisados à luz do professor universitário e que podem servir de base comparativa ao instrutor do CTEP. O processo de ensino e aprendizagem é peça importante na construção do conhecimento e nem todos os docentes o conhecem o bastante para se utilizá-lo no desenvolvimento das suas aulas. Nesse aspecto, MASETTO, 2003 apud BERNARDO, 20064 cita que:
O objetivo máximo da docência é a aprendizagem dos alunos, mas apenas aprender conhecimentos e informações não basta, os professores precisam se preocupar também com o desenvolvimento das habilidades humanas, com valores de um profissional comprometido com a sociedade.
Na realidade do instrutor do CTEP, esse desenvolvimento por completo do aluno pode ser traduzido em um acompanhamento diário do crescimento individual de cada um durante o curso, tendo em vista os perigos da atividade que essa pessoa está iniciando profissionalmente.
Aqui não se espera que este aluno aprenda apenas para que ao final se possa ranquear uma turma, mas que todos tenham condições de saber aquilo com que estão lidando e prestar um bom serviço a toda a sociedade, seja multiplicando os seus conhecimentos e prevenindo acidentes ou atuando em prol da coletividade no dia a dia.
Conforme diz Bernardo (2006, p.137),
Há uma preocupação muito grande por parte de alguns professores quanto à questão de ensinar, do saber ensinar, o que ensinar e como, quais as técnicas adequadas; esta preocupação com a pratica docente pode ser um processo reflexivo construído também no coletivo, com outros docentes, colegas de trabalho através de espaços de reflexão docente e dos colegas de trabalho em grupos. A reflexão fará parte da formação do professor de forma contínua
A prática docente aqui vista deve ser separada daquele talento interno que o indivíduo tem de falar em público. Ela é muito mais do que isso e não se aprende da “noite para o dia”, pois é um conjunto de fatores tais como cursos, especializações, interações com outros instrutores, que demandam tempo e investimento.
Em outras palavras, poder-se-ia dizer que se trata de um saber técnico e um saber prático sendo esse último adquirido ao longo da vida. Juntos e bem empregados, tanto o professor universitário quanto o instrutor do CTEP, poderão alcançar os seus alunos de uma maneira mais eficiente, os ajudando na construção do conhecimento.
Isto ocorre com o domínio da prática educativa, que inclui um acompanhamento individual ao aluno, preparação de suas aulas, tornando-as cada vez mais atraentes, além de instrumentos de avaliação que demonstrem toda uma realidade ao professor e que não sejam apenas uma forma de castigo ou de classificação.
4 A AVALIAÇÃO DO ENSINO
No caso da avaliação, por exemplo, pode-se aprender com os dizeres de Darsie (1996, p. 51):
A avaliação deverá possibilitar ao aluno o acompanhamento do seu próprio processo de construção do conhecimento, encorajando a comprovar e/ou refutar suas hipóteses; estabelecer relações entre o que já sabe e o novo a aprender; perceber e superar conflitos; reconhecer seus avanços ganhos, dificuldades, reorganizar seu saber e alcançar conceitos superiores.
Aqui já se percebe uma mudança daquilo que era praticado há anos atrás e como se situa tal assunto nos dias de hoje. A avaliação deixa de ser um instrumento de controle rígido por parte do professor, que o tornava um ser inalcançável dentro da sala de aula.
Pela avaliação pode haver um objetivo muito mais rico do que apenas ranquear uma turma ou traçar um mero estabelecimento de notas para atingir determinado resultado. Ela é o instrumento que dispõe o professor para avaliar não só o aluno, mas também a sua própria atividade docente, descobrir falhas na transmissão do assunto e sobretudo as principais deficiências do estudante.
5 A DIDÁTICA E O CTEP
Onde se encaixaria a didática do instrutor no CTEP? É certo que essa disciplina tem muito a contribuir com a formação desse profissional, tal qual acontece em todas as áreas onde exista a presença de um professor, seja ele universitário, de educação básica, etc.
A Didática poderá ser o elo capaz de tornar o profissional que conclua o CTEP a ser também o professor ou multiplicador dos seus conhecimentos. É talvez uma forma de dar-lhe maior firmeza aos seus atos quanto docente uma vez que a partir daí ele passa a entender melhor todo um contexto que se passa em sala de aula, dando respaldo aquilo que aplicará daí por diante.
Castro Júnior (2008, p. 5) observa que “existe uma forte crença de que basta conhecer o conteúdo para ser professor”. Com o que se levantou até agora se prova que só isso não basta para entrar em sala de aula. A preparação pedagógica é necessária e começa na sua formação, devendo perdurar por toda a sua vida.
Castro Júnior (2008, p. 5) diz ainda que, “aliado ao domínio do conteúdo, é essencial também planejar, pesquisar, organizar, avaliar, considerando ainda a interação entre os alunos, assim como o seu desempenho e o ritmo de aprendizagem”. Toda essa dinâmica vem confirmar que a intervenção pedagógica é necessária na formação do aluno do CTEP.
Os saberes que vão se acumulando durante o processo de formação, passando pela vida profissional, estão presentes no cotidiano da pessoa.
Esses conhecimentos não podem estar desassociados uns dos outros na formação do professor. Caminham juntos e a falta de um ou outro pode apresentar prejuízo ao docente sob o risco de não corresponder com uma prática docente de qualidade.
MASETTO, 2003, apud BERNARDO, 20065, ainda sobre a formação docente dos professores universitários, mencionou que:
Só recentemente professores universitários começaram a se conscientizar de que a docência, como a pesquisa e o exercício de qualquer profissão, exige capacitação própria e específica. O exercício docente no ensino superior exige competências específicas, que não se restringem a ter um diploma de bacharel, ou mesmo de mestre ou doutor, ou, ainda, apenas o exercício de uma profissão. Exige isso tudo além de outras competências próprias.
Nesse sentido, pode-se pensar em mudanças na formação do aluno do CTEP no que diz respeito à introdução de conhecimentos sobre a prática docência na base curricular do próprio curso. Este indivíduo precisa de tal formação para dar continuidade à multiplicação dos seus conhecimentos nos próximos cursos e também nas palestras educativas e preventivas que ele fará depois de formado, tendo em vista que toda essa rotina faz parte da sua vida profissional no dia a dia.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Os trabalhos que tratam da docência nos cursos militares são muito pouco explorados. Estudá-los é, quase sempre, uma tarefa dificílima, pois envolve um universo que é fechado por natureza e pouco explorado quando tratamos do instrutor militar, ficando essa atribuição, quase sempre, restrita àqueles que estão envolvidos com a atividade.
Nesse sentido, a presente pesquisa teve como um de seus resultados demonstrar um pouco dessa realidade a comunidade acadêmica. Mostrar como atua o instrutor, que aqui ficou delimitado na figura do instrutor do CTEP, que é o profissional responsável por multiplicar o seu conhecimento e formar novos técnicos explosivistas.
Outro ponto de muita importância é que através de estudos pontuais como esse, é possível de, ao final, apontar erros, acertos, além de poder sugerir mudanças a partir daquilo que se aprendeu durante todo esse processo de construção do conhecimento. É uma forma de dar mais respaldo ao serviço desenvolvido por este profissional de segurança pública que se reveste na figura do professor.
Assim, pode-se entender através do trabalho desenvolvido que os meios empregados pelo instrutor encontram-se deficientes para formar o aluno do CTEP. Mudanças de comportamento podem ser empregadas a partir de então como busca de novas bibliografias ou de novos instrumentos de apoio didático que venham ajudar ainda mais esta transmissão.
Essa pesquisa foi capaz de responder ainda que o perfil básico do instrutor do CTEP carece de uma formação didática básica, tendo em vista que este instrutor não está formando apenas um policial que atuará, quando formado, em ocorrências diárias. Este mesmo policial precisa, ao final do curso, estar apto a ministrar instruções e dar palestras, pois esta é uma das atribuições da função.
Percebeu-se que a avaliação empregada pelos instrutores precisa ser mais que um mero instrumento classificatório de notas e passar a ser um meio de acompanhamento do desenvolvimento do aluno durante o curso.
É possível afirmar, com base nos dados coletados, que essas deficiências didáticas no processo de aprendizagem poderão ser corrigidas a partir do momento que se implantar uma disciplina voltada para a didática do ensino no CTEP.
Não há como formar professores ou instrutores apenas fazendo com que eles aprendam conceitos para depois transmiti-los aos seus alunos, como é o caso. Há então esta necessidade de inserção curricular de uma disciplina que venha dar ferramentas para trabalhar questões como avaliação ou técnicas de didática do ensino, por exemplo.
Através dessas indagações, é possível afirmar que o objetivo do trabalho fora alcançado. Pode-se perceber como acontece a formação desse docente e as melhorias que podem ser necessárias à formação desse profissional.
Foi possível entender que elas encontram-se ligadas à forma como será introduzida uma nova metodologia de formação com ênfase voltada a esta parte didática.
Esse tema, inclusive, pode ser alvo de pesquisas futuras. Podem ser delimitados aos assuntos que poderiam ser abordados em uma disciplina que englobaria toda a parte da didática voltada ao instrutor do CTEP, baseado naquilo que já fora mostrado nesse estudo.
REFERÊNCIAS
ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Pessate. Processos de ensinagem na universidade: pressupostos de trabalho em aula. 5. ed. Joinville: UNIVILLE, 2005.
ANASTASIOU, Lea das Graças; PIMENTA, Selma Garrido. Docência no ensino superior, v. i. São Paulo: Cortez, 2002.
BERNARDO, Maria Angélica Baldassa. Desafios da educação superior na atualidade: trajetórias docentes. Campinas: PUC, 2006.
CASTRO JUNIOR, Reynaldo de. Educação superior: os saberes pedagógicos do bacharel docente. Brasília: UNB, 2008.
CUNHA, Maria Isabel da. Diferentes olhares sobre as práticas pedagógicas no ensino superior: a docência e sua formação. Rio Grande do Sul: UNISINUS, 2004.
DARSIE, Marta Maria Pontin. Avaliação e aprendizagem: caderno de pesquisa. São Paulo: FEUSP, 1996.
MASETTO, Marcos T. Docência no ensino superior voltada para a aprendizagem faz a diferença. Cadernos de pedagogia universitária: Caderno 12, São Paulo, PUC, 2010.
MASETTO, Marcos T. (Org). Docência na Universidade. 6. ed. Campinas: Papirus, 2003.
PENIN, Sônia Teresinha de Sousa. Formação continuada na docência do ensino superior. Cadernos de pedagogia universitária: Caderno 13, São Paulo, PUC, 2010.
PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência do ensino superior, v. I. São Paulo: Cortez, 2002.
1 andersondguimaraes@gmail.com
2 Instituição de Ensino Superior
3 ANASTASIOU e PIMENTA (2002, p. 37)
4 MASETTO (2003, p. 27)
5 MASETTO (2003, p. 11)